Crônica do ataque policial-estatal sofrido pela FAG
Sábado 31 de outubro de 2009, Porto Alegre – RS, Brasil
A Federação Anarquista Gaúcha (FAG) agradece fraternalmente a solidariedade que está sendo manifestada e reafirma seus princípios frente ao ocorrido no dia 29 de Outubro, em Porto Alegre. Homens e mulheres livres, dotados de ideais e certos do direito que tem de expressá-los política e socialmente seguem íntegros.
Na tarde do dia 29 de Outubro foi deflagrada a execução pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul de dois mandados judiciais (Justiça Estadual) de busca e apreensão na sua sede pública em Porto Alegre e no endereço de hospedagem do site vermelhoenegro.org na cidade de Gravataí. Em tais ordens constava o recolhimento de material impresso de propaganda, computador (CPU) e demais objetos relacionados à queixa criminal. Os agentes do Estado inicialmente tentaram arrombar o portão conforme testemunho de vizinhos do local, já que a sede estava fechada naquele momento. Após a entrada no local, mediante a leitura do mandado, iniciaram a busca no interior do imóvel por cartazes, boletins informativos e demais documentos ao mesmo tempo em que desligaram o telefone, alegando que durante aquela execução não se pode usar tal meio. O agravante é que além do cartaz requerido pela ordem judicial, no qual a governadora é responsabilizada junto à Brigada Militar (polícia militar estadual) pelo assassinato de Eltom Brum da Silva, levaram o estoque de arquivo de outras produções impressas de opinião política e informação, como um arquivo de cartazes reivindicando a saída da governadora e denunciando a ingerência do Banco Mundial no seu projeto político. Este material é parte da campanha pública deflagrada pela FAG dentro do contexto de uma ampla campanha de mobilização sindical e popular que vem se desenvolvendo há pelo menos um ano neste estado.
Na tarde do dia 29 de Outubro foi deflagrada a execução pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul de dois mandados judiciais (Justiça Estadual) de busca e apreensão na sua sede pública em Porto Alegre e no endereço de hospedagem do site vermelhoenegro.org na cidade de Gravataí. Em tais ordens constava o recolhimento de material impresso de propaganda, computador (CPU) e demais objetos relacionados à queixa criminal. Os agentes do Estado inicialmente tentaram arrombar o portão conforme testemunho de vizinhos do local, já que a sede estava fechada naquele momento. Após a entrada no local, mediante a leitura do mandado, iniciaram a busca no interior do imóvel por cartazes, boletins informativos e demais documentos ao mesmo tempo em que desligaram o telefone, alegando que durante aquela execução não se pode usar tal meio. O agravante é que além do cartaz requerido pela ordem judicial, no qual a governadora é responsabilizada junto à Brigada Militar (polícia militar estadual) pelo assassinato de Eltom Brum da Silva, levaram o estoque de arquivo de outras produções impressas de opinião política e informação, como um arquivo de cartazes reivindicando a saída da governadora e denunciando a ingerência do Banco Mundial no seu projeto político. Este material é parte da campanha pública deflagrada pela FAG dentro do contexto de uma ampla campanha de mobilização sindical e popular que vem se desenvolvendo há pelo menos um ano neste estado.
Conforme comunicado pelos agentes da Polícia Civil o processo está embasado na queixa de injúria, calúnia e difamação contra a FAG movido pela governadora Yeda Crusius (PSDB) referente ao termo “assassina” publicado em panfletos, cartazes e página web. Também foram apreendidos outros documentos não relacionados ao fato, assim como uma coleção de discos de arquivo de backup e do próprio CPU. Perguntavam por armas e drogas, numa tentativa clara de nos criminalizar assim como sobre quem toma as decisões, quem são os responsáveis, como funciona a FAG, se tem registro jurídico formal enquanto associação ou entidade. Buscavam também, com um segundo mandado semelhante o endereço e o responsável pela página do site da internet, havendo uma ameaça clara de cerceamento da liberdade de expressão também neste veículo assim como da tentativa de criminalização do seu responsável técnico, o qual não foi localizado. O responsável pelo endereço físico do portal foi levado à 17ª delegacia e apreendido neste local – em Gravataí (Região Metropolitana de Porto Alegre) também o CPU do seu computador, um palm-top de uso pessoal e arquivos de documentos antigos da FAG, que permaneceram lá guardados ao longo dos anos, como cartazes, revistas e informativos diversos.
No total, a repressão política impetrada pela governadora terminou identificando e levando para interrogatório a quatro pessoas. As oitivas se deram na 17ª delegacia de Polícia Civil em Porto Alegre, agora seguindo o inquérito, possível indiciamento e posterior processo judicial contra os indivíduos identificados e responsabilizados pela referida campanha pública de difusão de opinião, em nome da FAG, sobre o assassinato de um companheiro do MST na fazenda Southall em São Gabriel (Fronteira Oeste), ocorrido em 21 de agosto deste ano. Reiteramos porém que não apenas os ditos materias ofensivos foram apreendidos, mas vários arquivos de textos e discos, documentos políticos, atas de encontros e reuniões, inclusive objetos já descartados caracterizados como lixo e também que a ameaça de exclusão do site vermelhoenegro.org está clara. Assim, alertamos a todas as companheiras e companheiros, incluindo aqueles que se solidarizam conosco, cientes do motivo caso sejamos excluídos, ou melhor, censurados, em nossa página na internet.
O episódio do assassinato do sem-terra Eltom Brum da Silva, a luta de idéias, a propaganda e agitação produzidas pela FAG sobre os fatos motivaram a queixa de injúria, calúnia e difamação que resultaram em busca e apreensão do material difundido na semana seguinte ao dia 21 de Agosto de 2009. Em São Gabriel, no sul do país, o colono Sem Terra foi covardemente morto com um tiro de calibre 12 pelas costas, havendo inclusive relatos discordantes quanto ao responsável direto pela morte. Este fato é fundamental, já que uma pergunta que fazemos é: independente da patente daquele que segurava a arma com munição letal e da sua intenção ou dolo, não são os governantes os responsáveis pelas polícias e demais instituições do Estado?
No topo da cadeia hierárquica são os governadores dos estados brasileiros os chefes máximos das polícias estaduais (Civil e Militar), portanto é a governadora Yeda Crusius no Rio Grande do Sul, assim como seria em qualquer outro estado do país, a responsável direta por qualquer ato de seus comandados diretos. Mas há ainda outras considerações importantes. As políticas públicas implementadas pelos governos são também responsabilidade de quem as define e executa, mais uma vez representado no seu chefe, o governador. Não somente a fato do assassinato de um Sem Terra em 2009, caracterizado pela própria mídia tradicional como político, mas também as conseqüências das políticas para a educação e saúde públicas, da criminalização da pobreza nas periferias urbanas e no campo, assim como sobre os movimentos sociais e sindicatos são bandeiras legítimas que vários setores do povo organizado vêm levantando a mais de ano contra este governo. Não há casos isolados, mas um endurecimento dos dispositivos de criminalização e repressão brutal a todos estes setores, como por exemplo, na greve dos bancários e dos professores estaduais em 2008 e a tentativa de criminalização da oposição dos servidores públicos liderada pelo CPERS-sindicato, de longa trajetória de lutas. Não podemos tampouco omitir o processo político deflagrado junto ao Ministério Público estadual contra o MST, uma conspiração de Estado, também com o firme propósito de criminalizá-lo.
Outro agravante deste governo são os efeitos a curto, médio e longo prazo do empréstimo com o Banco Mundial, por exemplo, a tentativa de venda da Pampa para os interesses das papeleiras, a prevalência do agronegócio sobre a agricultura familiar e o financiamento direto e indireto dos grupos e corporações nacionais e multinacionais. Enfim, se aplica o plano estratégico neoliberal para o RS publicamente conhecido na agenda 2020 e estas metas são responsabilidades de todos os que compõem o governo com funções políticas (1º, 2º e 3º escalão) e principalmente da governadora Yeda Crusius, evidente defensora do seu projeto de governo, ou melhor, do projeto das elites que a sustentam e dos interesses que estas representam.
Não ignoramos o papel das classes dominantes como agentes decisivos na política e da sua influência no jogo de interesses que caracterizam os governos de turno do estado do RS. Aqui estão presentes os interesses dos latifundiários e do agronegócio e toda sua cadeia depredatória, como a indústria da celulose, o deserto verde, a exploração das reservas de água, a tentativa de criminalização do MST, o fechamento das escolas itinerantes dos acampamentos, etc.. . Também estão em jogo os interesses daqueles que vivem do roubo sistemático contra o povo, da corrupção institucionalizada, da banca estelionatária e criminosa, da velha ordem de tirar vantagem, de desprezar o povo e fundamentalmente seus direitos e sua capacidade de rebelar-se. São inúmeras as denúncias e evidências de corrupção escandalosa assim como foram muitas as tentativas de desqualificar e impedir os sindicatos, as categorias e movimentos sociais de manifestarem seu repúdio, sua opinião.
A política de retirada de direitos dos trabalhadores, muitos deles conquistados orgulhosamente com muito combate desde os sindicatos de resistência há mais de cem anos, não é exclusividade do governo Lula. Aqui no RS o governo Yeda Crusius tomou e vem tomando várias medidas de cerceamento, repressão e criminalização contra os professores estaduais e seu o sindicato (CPERS), assim como de seus dirigentes. As escolas públicas estaduais passaram a ser um negócio entre o governo e organizações privadas, as fundações educacionais, verdadeiras cloacas de dinheiro público com sua lógica de gestão e seus interesses, onde quem ganha são os de sempre e quem perde é o povo. As conquistas de décadas de lutas das categorias dos trabalhadores da educação vêm sendo combatidas arduamente pela atual política para a educação no governo estadual, antes também personificado na figura de Mariza Abreu, ex-secretária de educação, logo também responsável pelas conseqüências do projeto que defende.
O CPERS junto a vários outros sindicatos dos serviços públicos estaduais organizados no Fórum dos Servidores e com diversos setores dos movimentos populares, sindical e estudantil vem denunciando e posicionando-se contrários publicamente a essas políticas e suas conseqüências. A campanha, chamada “Fora Yeda”, na qual somamos esforços, é onde está contextualizada a luta de propaganda e agitação que motiva o processo contra a FAG.
Queremos registrar a solidariedade que foi manifestada prontamente por vários companheiros, entidades, sindicatos, veículos de comunicação alternativos, da comissão de direitos humanos do MST, do Cpers-sindicato na presença de sua presidente e vice já em nossa sede durante a operação policial, assim como da disponibilização das assessorias jurídicas deste e de outros sindicatos. Temos a solidariedade como um princípio e estamos enaltecidos com tantas manifestações que recebemos e certamente seguiremos recebendo de tantos estimados companheiros, como as já manifestadas pela Confederação Geral do Trabalho (CGT-Espanha) e nossa co-irmã, a Federação Anarquista Uruguaia (FAU).
Nos exemplos de Sacco e Vanzetti reafirmamos que a natureza criminal das classes dominantes, suas elites dirigentes, do sistema capitalista seguirá colidindo com o antagonismo e a vigência de nossas lutas, de nossos princípios e acima de tudo do direito a liberdade pelo qual seguiremos peleando. Com um olhar firme no horizonte libertário que buscamos, com a dignidade de combatentes e a solidariedade com as classes oprimidas, aos povos que lutam, suas ânsias por construir desde o presente caminhos rumo a uma nova sociedade, nenhum passo atrás é a palavra de ordem.
Que a ofensa feita a um seja a luta de todos!
Pelo socialismo e pela liberdade,
Não tá morto quem peleia!
Federação Anarquista Gaúcha
Contato: fag.solidariedade@gmail.com
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
sábado, 25 de abril de 2009
Como montar uma horta em apartamento?
A primeira coisa é escolher onde ela será montada e garantir que seja instalada num local ensolarado. Cuidados com a preparação da terra, a seleção adequada das culturas e a boa manutenção também são essenciais
Confira abaixo o passo-a-passo para a sua horta vingar.
Confira abaixo o passo-a-passo para a sua horta vingar.
1. Escolha do local
As hortaliças precisam receber, no mínimo, cinco horas de luz solar por dia. Por isso, o ideal é instalar a horta na varanda ou junto à janela. Prefira locais que recebem sol pela manhã.
2. Onde plantar?
Em qualquer vasilhame, de jardineiras a jarros (com volume mínimo de 1 litro) até canos de PVC (de 30 cm de diâmetro) cortados ao meio. Dá para usar também garrafas PET de 2 litros (cortadas acima da metade) ou carrinhos de mão. É preciso sempre furar embaixo para a drenagem da água.
3. Preparo do solo
Melhor comprar terra pronta, com matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e potássio, aconselha o técnico agrícola Adejar Gualberto Marinho, da Embrapa Hortaliças. “O ideal é que a terra tenha pH 6. Se o solo for ácido demais, as plantas não vingarão”, afirma.
4. Seleção das culturas
Opte por hortaliças com raízes curtas, como alface, coentro, cebolinha, salsa, pimentão e couve-folha, ou até frutas de pequeno porte, como tomate-cereja e morango. Vegetais de raízes longas, como cenoura, rabanete e mandioquinha, não se adaptam bem a solos pouco profundos
5. Cuidados no plantio
A plantação começa com sementes ou mudas, dependendo da cultura. Pesquise o espaçamento ideal de cada planta para que ela cresça plenamente. Um pé de alface, por exemplo, deve ser plantado a 20 cm dos demais, enquanto para tomate e couve a distância sobe para 35 cm.
6. Rega e manutenção
No início, regue três vezes por dia até que a semente germine ou a muda pegue. Depois, basta uma rega diária, de preferência pela manhã. Retire plantas invasoras e proteja a horta de insetos, principalmente borboletas. Seus ovos viram larvas, que se alimentam das plantas.
As hortaliças precisam receber, no mínimo, cinco horas de luz solar por dia. Por isso, o ideal é instalar a horta na varanda ou junto à janela. Prefira locais que recebem sol pela manhã.
2. Onde plantar?
Em qualquer vasilhame, de jardineiras a jarros (com volume mínimo de 1 litro) até canos de PVC (de 30 cm de diâmetro) cortados ao meio. Dá para usar também garrafas PET de 2 litros (cortadas acima da metade) ou carrinhos de mão. É preciso sempre furar embaixo para a drenagem da água.
3. Preparo do solo
Melhor comprar terra pronta, com matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e potássio, aconselha o técnico agrícola Adejar Gualberto Marinho, da Embrapa Hortaliças. “O ideal é que a terra tenha pH 6. Se o solo for ácido demais, as plantas não vingarão”, afirma.
4. Seleção das culturas
Opte por hortaliças com raízes curtas, como alface, coentro, cebolinha, salsa, pimentão e couve-folha, ou até frutas de pequeno porte, como tomate-cereja e morango. Vegetais de raízes longas, como cenoura, rabanete e mandioquinha, não se adaptam bem a solos pouco profundos
5. Cuidados no plantio
A plantação começa com sementes ou mudas, dependendo da cultura. Pesquise o espaçamento ideal de cada planta para que ela cresça plenamente. Um pé de alface, por exemplo, deve ser plantado a 20 cm dos demais, enquanto para tomate e couve a distância sobe para 35 cm.
6. Rega e manutenção
No início, regue três vezes por dia até que a semente germine ou a muda pegue. Depois, basta uma rega diária, de preferência pela manhã. Retire plantas invasoras e proteja a horta de insetos, principalmente borboletas. Seus ovos viram larvas, que se alimentam das plantas.
Fonte: Planeta Sustentável
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Faça Você Mesmo
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Crise na educação: por quê?
(Regina Célia Cazaux Haydt, "Crise na educação: por quê?", Thot, n. 22, p. 45.)
É com tristeza que nós, cidadãos, constatamos estar a escola em crise: ela não consegue desempenhar com
eficácia a função de informar e, muito menos, a função formadora. Inúmeras tentativas já foram feitas no intuito de superar
esta crise e melhorar a qualidade do ensino. Para tanto, os objetivos foram redefinidos,conteúdos mais atualizados foram
acrescidos ao currículo, enquanto o antigo acervo de técnicas didáticas foi revisto, com novas estratégias de ação sendo
sucessivamente implantadas. Mas isto não resolveu o problema.
Embora o esforço não tenha sido em vão, temos de reconhecer que não apresentou os resultados esperados,
porquanto a crise revelou-se muito mais profunda do que de início aparentava, não se resumindo em simples questão de
reformulação de objetivos, conteúdos ou estratégias. O que estava em crise eram os valores, e a escola, sendo uma
instituição social, refletia a crise de valores que atingia a sociedade.
O processo educativo sempre se encarregou de difundir os valores sobre os quais se estruturava a sociedade em
que estava inserido: assim sendo, na Grécia de Péricles, o ideal era a formação do cidadão consciente e participante da
administração de sua cidade estado, na Roma dos Césares, almejava-se formar o político loquaz e o bravo guerreiro,
durante a Idade Média, a meta era a formação do homem moralmente íntegro e do Cristão temente a Deus; por ocasião da
revolução comercial e, posteriormente, industrial, nas sociedades que sofreram de forma mais aguda e intensa o impacto
dessa fase, propunha-se formar o burguês dotado de iniciativa e senso comercial. E assim foi ao longo dos séculos: cada
sociedade e cada época histórica, de acordo com os valores sobre os quais se alicerçava, tinham um ideal de homem a ser
formado. E a escola, agência dessa sociedade, se encarregava de cumprir esse ideal.
Mas, e agora, em pleno fim de século XX, que ideal de homem nossa escola pretende formar? Esta é a questão
fundamental, para a qual precisamos encontrar uma resposta, pois, de outra forma, será infrutífera toda reforma
educacional. Enquanto não se souber que tipo de ser humano precisa ser formado, qualquer tentativa de reformular a
escola, seja definindo objetivos e programando conteúdos, seja criando novas técnicas , será em vão, pois o que está sendo
questionado não é como educar, mas o para que educar. Em outras palavras, o que esta em jogo é o próprio sentido da
educação. E, por estar a educação destituída de sentido, apareceu como medidas paliativas e ilusórias os famosos
modismos educacionais: um dia introduz-se uma nova técnica didática: noutro dia, a moda já é um novo conteúdo, cuja
introdução no currículo, alegasse, será a salvação do ensino. E assim, pulando de modismos em modismos, o professor e o
aluno vão tentando cumprir suas tarefas, tendo, no entanto, ambos perdido de vista o sentido de seu objetivo: entra
mecanicamente numa sala de aula, sem saber por que nem para que esta desempenhando tal papel.
Usando a moderna terminologia da cibernética, que é o novo modismo em matéria de educação, diríamos que a
escola precisa definir qual será o output do sistema. Isto, no entanto, não é tarefa fácil, porque a própria sociedade não
apresenta, claramente definido, o seu protótipo de homem.
E porque a sociedade não quer determinar explicitamente este protótipo? Porque há um choque entre valores
proclamados e os valores reais. A sociedade em que vivemos se arvora na grande defensora dos valores humanísticos,
que, desde os primórdios da cultura helênica, caracterizavam a civilização ocidental. Humanísticos, porque pregam o
respeito e a valorização do ser humano como individualidade e como o fim em si mesmo. Baseiam-se na crença de que o
homem é um ser perfectível, capaz de ser modificado e se modificar; um ser cultural que, partindo da natureza, transcendea
e cria o universo da cultura, um ser histórico, capaz de invenção e progresso.
Portanto, tendo isto como pressuposto, o humanismo se valoriza pela caracterização do ser humano como um fim
em si mesmo; pelo respeito a individualidade; pela crença na liberdade do homem de poder escolher e agir de forma
autônoma; pela crença no auto-aperfeiçoamento, pois um ser que é capaz de invenção e progresso deve estar em
constante evolução; e, por fim, para que cada homem possa cumprir seu destino com a dignidade que a condição humana
requer, os valores humanísticos pregam a igualdade de oportunidade e solidariedade humana. Em síntese, esta seria a
profissão de fé de um humanista.
Não obstante, enquanto a sociedade ocidental do século XX se proclama portadora dos valores humanísticos, seus
valores reais são bem outros: o progresso material é mais importante que o desenvolvimento dos padrões culturais e
espirituais. Em outras palavras, acima do homem está o dinheiro; mais vale ter do que ser. O que significa que o homem é
medido, avaliado e julgado pelo que aparenta e pelo que tem, e não pelo que é realmente. Portanto nossa sociedade tenta
camuflar seus reais valores atrás do pedestal em que ostenta a bandeira do humanismo. E este choque que gera a crise a
que aludimos a cima, pois, num confronto, os dois tipos de valores não podem coexistir. Quando um é conscientemente
escolhido e explicitamente adotado, o outro deverá ser automaticamente rejeitado.
É este o choque de valores que atingem nossa escola. Portanto, a tão alardeada crise da educação não é de
natureza metodológica, nem financeira. É, antes de tudo, de caráter filosófico. Como toda pedagogia supõe uma filosofia,
podemos afirmar que o que esta em crise, no fim do século XX, é a própria Filosofia, isto é, a própria concepção de homem,
de mundo de vida.
Se a sociedade como um todo, na situação conflitante em que se encontra, frente a valores tão contraditórios, não
souber ou não quiser equacionar o problema, cabe a nós, educadores e educandos, mesmo que individualmente, cada um
em sua sala de aula, traçar o rumo a ser atingido. Numa época de tantos valores antagônicos, se a solução não puder ser
global, que seja individual. Pois, como pode um educador pretender realizar seu trabalho, se nem se quer sabe o que deseja
atingir? Como pode um aluno cursar todo o ensino básico sem ao menos ter um objetivo almejado?
Portanto, antes de entrar em sua sala de aula, caro educador e caro aluno, pense bem nisso: que tipo de
sociedade queremos formar?
Queremos uma sociedade pesada na balança do ter, que julga a si próprio e os outros pelo prisma da aparência,
formando estereótipos rígidos, que vão cristalizar em preconceito? Ou queremos formar uma sociedade sadia, tanto física
quanto psicologicamente, que esteja em harmonia consigo e com a natureza, que demonstre consciência dos seus direitos
e responsabilidades, dotada de senso crítico e capacidade de auto-analise, tendo em vista o aperfeiçoamento constante e
senso de responsabilidade pelos destinos da humanidade?
Cada educador e educando carrega nos ombros a responsabilidade desta escolha.
É com tristeza que nós, cidadãos, constatamos estar a escola em crise: ela não consegue desempenhar com
eficácia a função de informar e, muito menos, a função formadora. Inúmeras tentativas já foram feitas no intuito de superar
esta crise e melhorar a qualidade do ensino. Para tanto, os objetivos foram redefinidos,conteúdos mais atualizados foram
acrescidos ao currículo, enquanto o antigo acervo de técnicas didáticas foi revisto, com novas estratégias de ação sendo
sucessivamente implantadas. Mas isto não resolveu o problema.
Embora o esforço não tenha sido em vão, temos de reconhecer que não apresentou os resultados esperados,
porquanto a crise revelou-se muito mais profunda do que de início aparentava, não se resumindo em simples questão de
reformulação de objetivos, conteúdos ou estratégias. O que estava em crise eram os valores, e a escola, sendo uma
instituição social, refletia a crise de valores que atingia a sociedade.
O processo educativo sempre se encarregou de difundir os valores sobre os quais se estruturava a sociedade em
que estava inserido: assim sendo, na Grécia de Péricles, o ideal era a formação do cidadão consciente e participante da
administração de sua cidade estado, na Roma dos Césares, almejava-se formar o político loquaz e o bravo guerreiro,
durante a Idade Média, a meta era a formação do homem moralmente íntegro e do Cristão temente a Deus; por ocasião da
revolução comercial e, posteriormente, industrial, nas sociedades que sofreram de forma mais aguda e intensa o impacto
dessa fase, propunha-se formar o burguês dotado de iniciativa e senso comercial. E assim foi ao longo dos séculos: cada
sociedade e cada época histórica, de acordo com os valores sobre os quais se alicerçava, tinham um ideal de homem a ser
formado. E a escola, agência dessa sociedade, se encarregava de cumprir esse ideal.
Mas, e agora, em pleno fim de século XX, que ideal de homem nossa escola pretende formar? Esta é a questão
fundamental, para a qual precisamos encontrar uma resposta, pois, de outra forma, será infrutífera toda reforma
educacional. Enquanto não se souber que tipo de ser humano precisa ser formado, qualquer tentativa de reformular a
escola, seja definindo objetivos e programando conteúdos, seja criando novas técnicas , será em vão, pois o que está sendo
questionado não é como educar, mas o para que educar. Em outras palavras, o que esta em jogo é o próprio sentido da
educação. E, por estar a educação destituída de sentido, apareceu como medidas paliativas e ilusórias os famosos
modismos educacionais: um dia introduz-se uma nova técnica didática: noutro dia, a moda já é um novo conteúdo, cuja
introdução no currículo, alegasse, será a salvação do ensino. E assim, pulando de modismos em modismos, o professor e o
aluno vão tentando cumprir suas tarefas, tendo, no entanto, ambos perdido de vista o sentido de seu objetivo: entra
mecanicamente numa sala de aula, sem saber por que nem para que esta desempenhando tal papel.
Usando a moderna terminologia da cibernética, que é o novo modismo em matéria de educação, diríamos que a
escola precisa definir qual será o output do sistema. Isto, no entanto, não é tarefa fácil, porque a própria sociedade não
apresenta, claramente definido, o seu protótipo de homem.
E porque a sociedade não quer determinar explicitamente este protótipo? Porque há um choque entre valores
proclamados e os valores reais. A sociedade em que vivemos se arvora na grande defensora dos valores humanísticos,
que, desde os primórdios da cultura helênica, caracterizavam a civilização ocidental. Humanísticos, porque pregam o
respeito e a valorização do ser humano como individualidade e como o fim em si mesmo. Baseiam-se na crença de que o
homem é um ser perfectível, capaz de ser modificado e se modificar; um ser cultural que, partindo da natureza, transcendea
e cria o universo da cultura, um ser histórico, capaz de invenção e progresso.
Portanto, tendo isto como pressuposto, o humanismo se valoriza pela caracterização do ser humano como um fim
em si mesmo; pelo respeito a individualidade; pela crença na liberdade do homem de poder escolher e agir de forma
autônoma; pela crença no auto-aperfeiçoamento, pois um ser que é capaz de invenção e progresso deve estar em
constante evolução; e, por fim, para que cada homem possa cumprir seu destino com a dignidade que a condição humana
requer, os valores humanísticos pregam a igualdade de oportunidade e solidariedade humana. Em síntese, esta seria a
profissão de fé de um humanista.
Não obstante, enquanto a sociedade ocidental do século XX se proclama portadora dos valores humanísticos, seus
valores reais são bem outros: o progresso material é mais importante que o desenvolvimento dos padrões culturais e
espirituais. Em outras palavras, acima do homem está o dinheiro; mais vale ter do que ser. O que significa que o homem é
medido, avaliado e julgado pelo que aparenta e pelo que tem, e não pelo que é realmente. Portanto nossa sociedade tenta
camuflar seus reais valores atrás do pedestal em que ostenta a bandeira do humanismo. E este choque que gera a crise a
que aludimos a cima, pois, num confronto, os dois tipos de valores não podem coexistir. Quando um é conscientemente
escolhido e explicitamente adotado, o outro deverá ser automaticamente rejeitado.
É este o choque de valores que atingem nossa escola. Portanto, a tão alardeada crise da educação não é de
natureza metodológica, nem financeira. É, antes de tudo, de caráter filosófico. Como toda pedagogia supõe uma filosofia,
podemos afirmar que o que esta em crise, no fim do século XX, é a própria Filosofia, isto é, a própria concepção de homem,
de mundo de vida.
Se a sociedade como um todo, na situação conflitante em que se encontra, frente a valores tão contraditórios, não
souber ou não quiser equacionar o problema, cabe a nós, educadores e educandos, mesmo que individualmente, cada um
em sua sala de aula, traçar o rumo a ser atingido. Numa época de tantos valores antagônicos, se a solução não puder ser
global, que seja individual. Pois, como pode um educador pretender realizar seu trabalho, se nem se quer sabe o que deseja
atingir? Como pode um aluno cursar todo o ensino básico sem ao menos ter um objetivo almejado?
Portanto, antes de entrar em sua sala de aula, caro educador e caro aluno, pense bem nisso: que tipo de
sociedade queremos formar?
Queremos uma sociedade pesada na balança do ter, que julga a si próprio e os outros pelo prisma da aparência,
formando estereótipos rígidos, que vão cristalizar em preconceito? Ou queremos formar uma sociedade sadia, tanto física
quanto psicologicamente, que esteja em harmonia consigo e com a natureza, que demonstre consciência dos seus direitos
e responsabilidades, dotada de senso crítico e capacidade de auto-analise, tendo em vista o aperfeiçoamento constante e
senso de responsabilidade pelos destinos da humanidade?
Cada educador e educando carrega nos ombros a responsabilidade desta escolha.
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Textos
quarta-feira, 11 de março de 2009
Receitas de produtos de limpeza ecológicos
SABÃO LÍQUIDO PARA LOUÇA
2 litros de água
1 sabão caseiro ralado
1 colher de Óleo de Rícino
1 colher de Açúcar.
Ferver todos os ingredientes até dissolver e engarrafar.
DETERGENTE ECOLÓGICO
1 pedaço de sabão de coco neutro
2 limões
4 colheres de sopa de amoníaco (que é biodegradável)
Derreta o sabão de coco, picado ou ralado, em um litro de água. Depois, acrescente cinco litros de água fria. Em seguida,esprema os limões. Por último, despeje o amoníaco e misture bem.Guarde o produto resultante em garrafas e utilize-o no lugar dos similares comerciais. Você obterá seis litros de um detergente que limpa, não polui, cujo valor econômico é incomparavelmente menor do que o do similar industrializado.
DETERGENTE ECOLÓGICO MULTIUSO
Água
Vinagre
Amônia líquida (amoníaco)
Bicarbonato de sódio e ácido bórico
Em um litro de água morna (cerca de 45º C), coloque uma colher de sopa de vinagre, uma colher de sopa de amoníaco,uma colher de sopa de bicarbonato de sódio e uma colher de sopa de bórax ou ácido bórico. o Utilize em qualquer tipo de limpeza, em substituição aos multiusos convencionais. o Como qualquer produto de limpeza convencional, mantenha os detergentes ecológicos fora do alcance de crianças e animais domésticos. Fonte: Planeta na Web.
DESINFETANTE PARA BANHEIRO
1 litro de Álcool (de preferência 70º)
4 litros de água
1 Sabão Caseiro
Folhas de Eucalipto
Deixar as folhas de eucalipto de molho no álcool por 2 dias. Ferver 1 litro de água com o sabão ralado, até dissolver. Juntar a água e a essência de eucalipto. Engarrafar.
AMACIANTE DE ROUPAS
5 litros de Água
4 colheres de Glicerina
1Sabonete ralado
2 colheres de sopa de Leite de Rosas.
Ferver 1 litro de água com o sabonete ralado até dissolver. Acrescentar mais 4 litros de água fria, as 4 colheres de glicerina e as 2 colheres de Leite de Rosas. Mexer bem até misturar e depois engarrafar.
LIMPANDO JANELAS E ESPELHOS: Para limpeza de rotina, use 3 colheres de vinagre diluídas em 11 litros de água quente. Se o vidro estiver muito sujo, primeiro limpe-o com água e sabão. Para secar superfícies, utilize tecido de algodão reutilizado ou jornais velhos. Fonte: Greepeace
PARA LIMPAR E DESODORIZAR CARPETES E TAPETES: Misture duas partes de fubá com uma parte de bórax. Pulverize generosamente, deixe descansar por uma hora e aspire. Uma desodorização rápida pode ser obtida pulverizando-se o carpete com bicarbonato e aspirando logo a seguir. Fonte: Greepeace
PARA AMACIAR SUAS ROUPAS Adicione ½ copo de vinagre ou ¼ de copo de bicarbonato durante o enxágüe. Fonte: Greepeace.
LIMPANDO O BANHEIRO Para limpeza geral de banheiros, use escova com bicarbonato de sódio e água quente. Para pias, despeje vinagre e deixe descansar durante a noite, enxaguando pela manhã. Para limpar bacias, aplique uma pasta de bórax e suco de limão. Deixe por algumas horas e dê descarga. Ou utilize uma solução forte de vinagre. Fonte: Greepeace.
PARA LIMPAR VIDROS E TIRAR GORDURA: Use uma solução de vinagre ou limão diluídos em água.
PARA LIMPAR O FORNO Basta uma solução de água quente com bicarbonato de sódio, que deve ser passada com um pano fino.
PARA LIMPAR PANELAS E FORMAS QUEIMADAS: Cubra a área com uma fina camada de bicarbonato de sódio e água e deixe descansar por algumas horas antes de lavar.
OUTRO LIMPADOR PARA JANELAS Misture ½ xícara de álcool, 2 xícaras de água e uma colher de sopa de amoníaco. Coloque luvas e aplique a solução com um pedaço de pano.
JANELAS E ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO Para manter janelas e esquadrias de alumínio sempre brilhando como novas, é só limpá-las uma vez por mês com uma mistura de óleo de cozinha e álcool, em partes iguais. Em seguida é só passar um pano macio ou flanela. Fonte: Livro Sebastiana Quebra-Galho, de Nenzinha Machado Salles.
LIMPADOR PARA PISOS DE CERÂMICA Misture no seu balde de limpeza, aproximadamente 3,5 litros de água com ¾ de xícara de vinagre branco e ½ xícara de amoníaco. Lave o piso como de costume.Fonte: Casa Club TV.
NO LUGAR DA NAFTALINA A naftalina afeta o fígado e os rins, utilize sachês com flores de lavanda em seu lugar.
DESODORANTE DE AMBIENTE Pode ser substituído por uma solução de ervas com vinagre ou suco de limão. Além de gastar menos dinheiro, você vai estar evitando produtos responsáveis pelo aumento de doenças respiratórias e alergias.Fonte: WWF Brasil.
Fonte: http://www.ipemabrasil.org.br/receita.htm
às 08:27 0 comentários
Marcadores: Para a casa
Sexta-feira, 19 de Setembro de 2008
Desinfetante natural
Ingredientes:
1 litro de álcool (de preferência de 70º)
1 sabão caseiro
4 litros de água
Folhas de eucalipto
Modo de fazer:
Deixe as folhas de eucalipto de molho no álcool por dois dias. Ferva 1 litro de água com o sabão ralado, até dissolver. Junte a água e a essência de eucalipto. Engarrafe.
às 19:54 0 comentários
Marcadores: Para a casa
Detergente atóxico e biodegradável
Ingredientes:
Um pedaço de sabão de coco neutro
6 litros d’água
2 limões
4 colheres (sopa) de amoníaco
Modo de preparo:
Derreta o sabão de coco, picado ou ralado, em um litro de água. Em seguida, acrescente cinco litros de água fria. Depois, esprema os limões sobre a mistura. Por último, despeje o amoníaco e misture bem. Guarde o produto resultante em garrafas e utilize-o no lugar dos similares comerciais.
2 litros de água
1 sabão caseiro ralado
1 colher de Óleo de Rícino
1 colher de Açúcar.
Ferver todos os ingredientes até dissolver e engarrafar.
DETERGENTE ECOLÓGICO
1 pedaço de sabão de coco neutro
2 limões
4 colheres de sopa de amoníaco (que é biodegradável)
Derreta o sabão de coco, picado ou ralado, em um litro de água. Depois, acrescente cinco litros de água fria. Em seguida,esprema os limões. Por último, despeje o amoníaco e misture bem.Guarde o produto resultante em garrafas e utilize-o no lugar dos similares comerciais. Você obterá seis litros de um detergente que limpa, não polui, cujo valor econômico é incomparavelmente menor do que o do similar industrializado.
DETERGENTE ECOLÓGICO MULTIUSO
Água
Vinagre
Amônia líquida (amoníaco)
Bicarbonato de sódio e ácido bórico
Em um litro de água morna (cerca de 45º C), coloque uma colher de sopa de vinagre, uma colher de sopa de amoníaco,uma colher de sopa de bicarbonato de sódio e uma colher de sopa de bórax ou ácido bórico. o Utilize em qualquer tipo de limpeza, em substituição aos multiusos convencionais. o Como qualquer produto de limpeza convencional, mantenha os detergentes ecológicos fora do alcance de crianças e animais domésticos. Fonte: Planeta na Web.
DESINFETANTE PARA BANHEIRO
1 litro de Álcool (de preferência 70º)
4 litros de água
1 Sabão Caseiro
Folhas de Eucalipto
Deixar as folhas de eucalipto de molho no álcool por 2 dias. Ferver 1 litro de água com o sabão ralado, até dissolver. Juntar a água e a essência de eucalipto. Engarrafar.
AMACIANTE DE ROUPAS
5 litros de Água
4 colheres de Glicerina
1Sabonete ralado
2 colheres de sopa de Leite de Rosas.
Ferver 1 litro de água com o sabonete ralado até dissolver. Acrescentar mais 4 litros de água fria, as 4 colheres de glicerina e as 2 colheres de Leite de Rosas. Mexer bem até misturar e depois engarrafar.
LIMPANDO JANELAS E ESPELHOS: Para limpeza de rotina, use 3 colheres de vinagre diluídas em 11 litros de água quente. Se o vidro estiver muito sujo, primeiro limpe-o com água e sabão. Para secar superfícies, utilize tecido de algodão reutilizado ou jornais velhos. Fonte: Greepeace
PARA LIMPAR E DESODORIZAR CARPETES E TAPETES: Misture duas partes de fubá com uma parte de bórax. Pulverize generosamente, deixe descansar por uma hora e aspire. Uma desodorização rápida pode ser obtida pulverizando-se o carpete com bicarbonato e aspirando logo a seguir. Fonte: Greepeace
PARA AMACIAR SUAS ROUPAS Adicione ½ copo de vinagre ou ¼ de copo de bicarbonato durante o enxágüe. Fonte: Greepeace.
LIMPANDO O BANHEIRO Para limpeza geral de banheiros, use escova com bicarbonato de sódio e água quente. Para pias, despeje vinagre e deixe descansar durante a noite, enxaguando pela manhã. Para limpar bacias, aplique uma pasta de bórax e suco de limão. Deixe por algumas horas e dê descarga. Ou utilize uma solução forte de vinagre. Fonte: Greepeace.
PARA LIMPAR VIDROS E TIRAR GORDURA: Use uma solução de vinagre ou limão diluídos em água.
PARA LIMPAR O FORNO Basta uma solução de água quente com bicarbonato de sódio, que deve ser passada com um pano fino.
PARA LIMPAR PANELAS E FORMAS QUEIMADAS: Cubra a área com uma fina camada de bicarbonato de sódio e água e deixe descansar por algumas horas antes de lavar.
OUTRO LIMPADOR PARA JANELAS Misture ½ xícara de álcool, 2 xícaras de água e uma colher de sopa de amoníaco. Coloque luvas e aplique a solução com um pedaço de pano.
JANELAS E ESQUADRIAS DE ALUMÍNIO Para manter janelas e esquadrias de alumínio sempre brilhando como novas, é só limpá-las uma vez por mês com uma mistura de óleo de cozinha e álcool, em partes iguais. Em seguida é só passar um pano macio ou flanela. Fonte: Livro Sebastiana Quebra-Galho, de Nenzinha Machado Salles.
LIMPADOR PARA PISOS DE CERÂMICA Misture no seu balde de limpeza, aproximadamente 3,5 litros de água com ¾ de xícara de vinagre branco e ½ xícara de amoníaco. Lave o piso como de costume.Fonte: Casa Club TV.
NO LUGAR DA NAFTALINA A naftalina afeta o fígado e os rins, utilize sachês com flores de lavanda em seu lugar.
DESODORANTE DE AMBIENTE Pode ser substituído por uma solução de ervas com vinagre ou suco de limão. Além de gastar menos dinheiro, você vai estar evitando produtos responsáveis pelo aumento de doenças respiratórias e alergias.Fonte: WWF Brasil.
Fonte: http://www.ipemabrasil.org.br/receita.htm
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Sexta-feira, 19 de Setembro de 2008
Desinfetante natural
Ingredientes:
1 litro de álcool (de preferência de 70º)
1 sabão caseiro
4 litros de água
Folhas de eucalipto
Modo de fazer:
Deixe as folhas de eucalipto de molho no álcool por dois dias. Ferva 1 litro de água com o sabão ralado, até dissolver. Junte a água e a essência de eucalipto. Engarrafe.
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Detergente atóxico e biodegradável
Ingredientes:
Um pedaço de sabão de coco neutro
6 litros d’água
2 limões
4 colheres (sopa) de amoníaco
Modo de preparo:
Derreta o sabão de coco, picado ou ralado, em um litro de água. Em seguida, acrescente cinco litros de água fria. Depois, esprema os limões sobre a mistura. Por último, despeje o amoníaco e misture bem. Guarde o produto resultante em garrafas e utilize-o no lugar dos similares comerciais.
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Ativismo Verde,
Faça Você Mesmo
Vamo anarquizar juntinho?
Neste mês a Casa da Lagartixa Preta "Malagueña Salerosa" completa 5 nos de atividade.
Será um mês inteiro de movimentação daóra extra na casa, com debates, práticas, sem contar as atividades de rotina que continuam (Tesinho,
horta, almoço grátis solidário, biblioteca etc.).
Se liga Confira a agenda extra:
1/3, 14h (domingo) - Grafitagem do muro da casa, participe!
7/3, 15h (sábado) - Literatura e Anarquia - debate com Doris Accioly
8/3, 14h (domingo) - Um dia de Futebol e Política (debate e, em seguita, um bate-bola na rua!)
4/3, 15h (sábado) - Dinheiro e Anarquia (homenagem a 200 anos de Proudhon) - debate com Caio Juca (Ativismo ABC), Guilhermão (Ativismo ABC) e Nildo Avelino (CCS-SP)
5/3 (domingo) - Prática de Permacultura no espaço CICAS em São Paulo (Zona Norte) com o Grupo de Agroecologia da Casa da Lagartixa
Preta [no mesmo dia e local ocorrerá um show de bandas, incluindo a anda convidada Los Perversos (Argentina).]
21/3, 16h (sábado) - Quilombagem - debate dançante afro-brasileiro com o coletivo Kilombagem sobre libertação negra e práticas autonomistas.
22/3, 13h (domingo) - Crítica ao Consumismo Vegano (e Não-Vegano) e oficina de Compressas e Emplastros - com almoço vegano argentino! E
ainda... medicina natural e faça-você-mesmo corporal. Com Animinimalista (Argentina) e coletivo Você Tem Que Desistir.
28/3, 15h (sábado) - GRANDE FESTA SOLIDÁRIA DE ANIVERSÁRIO DE 5 ANOS DA CASA - cada um pode contribuir trazendo seu prato especial de comida e quitutes! Aproveitaremos para debater sobre os rumos da casa, da anarquia etc...
29/3, 14h (domingo) - Debate sobre Pedagogia Libertária com o pessoal do Tesinho e Gabriel da Amanamanha (escola libertária em construção em Santa Catarina).
Todos os eventos (menos 1, fruto da nova aliança entre espaçosibertários de SP) ocorrerão na Casa da Lagartixa Preta "Malagueña Salerosa":
R. Alcides de Queirós, 161 - Bairro Casa Branca, Santo André, SP.
Será um mês inteiro de movimentação daóra extra na casa, com debates, práticas, sem contar as atividades de rotina que continuam (Tesinho,
horta, almoço grátis solidário, biblioteca etc.).
Se liga Confira a agenda extra:
1/3, 14h (domingo) - Grafitagem do muro da casa, participe!
7/3, 15h (sábado) - Literatura e Anarquia - debate com Doris Accioly
8/3, 14h (domingo) - Um dia de Futebol e Política (debate e, em seguita, um bate-bola na rua!)
4/3, 15h (sábado) - Dinheiro e Anarquia (homenagem a 200 anos de Proudhon) - debate com Caio Juca (Ativismo ABC), Guilhermão (Ativismo ABC) e Nildo Avelino (CCS-SP)
5/3 (domingo) - Prática de Permacultura no espaço CICAS em São Paulo (Zona Norte) com o Grupo de Agroecologia da Casa da Lagartixa
Preta [no mesmo dia e local ocorrerá um show de bandas, incluindo a anda convidada Los Perversos (Argentina).]
21/3, 16h (sábado) - Quilombagem - debate dançante afro-brasileiro com o coletivo Kilombagem sobre libertação negra e práticas autonomistas.
22/3, 13h (domingo) - Crítica ao Consumismo Vegano (e Não-Vegano) e oficina de Compressas e Emplastros - com almoço vegano argentino! E
ainda... medicina natural e faça-você-mesmo corporal. Com Animinimalista (Argentina) e coletivo Você Tem Que Desistir.
28/3, 15h (sábado) - GRANDE FESTA SOLIDÁRIA DE ANIVERSÁRIO DE 5 ANOS DA CASA - cada um pode contribuir trazendo seu prato especial de comida e quitutes! Aproveitaremos para debater sobre os rumos da casa, da anarquia etc...
29/3, 14h (domingo) - Debate sobre Pedagogia Libertária com o pessoal do Tesinho e Gabriel da Amanamanha (escola libertária em construção em Santa Catarina).
Todos os eventos (menos 1, fruto da nova aliança entre espaçosibertários de SP) ocorrerão na Casa da Lagartixa Preta "Malagueña Salerosa":
R. Alcides de Queirós, 161 - Bairro Casa Branca, Santo André, SP.
terça-feira, 10 de março de 2009
segunda-feira, 2 de março de 2009
Introdução à vida não fascista
Preface in: Gilles Deleuze e Félix Guattari. Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia, New York, Viking Press, 1977, pp. XI-XIV. Traduzido por wanderson flor do nascimento.
Durante os anos 1945-1965 (falo da Europa), existia uma certa forma correta de pensar, um certo estilo de discurso político, uma certa ética do intelectual. Era preciso ser unha e carne com Marx, não deixar seus sonhos vagabundearem muito longe de Freud e tratar os sistemas de signos - e significantes - com o maior respeito. Tais eram as três condições que tornavam aceitável essa singular ocupação que era a de escrever e de enunciar uma parte da verdade sobre si mesmo e sobre sua época.
Depois, vieram cinco anos breves, apaixonados, cinco anos de júbilo e de enigma. Às portas de nosso mundo, o Vietnã, o primeiro golpe em direção aos poderes constituídos. Mas aqui, no interior de nossos muros, o que exatamente se passa? Um amálgama de política revolucionária e anti-repressiva? Uma guerra levada por dois frontes - a exploração social e a repressão psíquica? Uma escalada da libido modulada pelo conflito de classes? É possível. De todo modo, é por esta interpretação familiar e dualista que se pretendeu explicar os acontecimentos destes anos. O sonho que, entre a Primeira Guerra Mundial e o acontecimento do fascismo, teve sob seus encantos as frações mais utopistas da Europa - a Alemanha de Wilhem Reich e a França dos surrealistas - retornou para abraçar a realidade mesma: Marx e Freud esclarecidos pela mesma incandescência.
Mas é isso mesmo o que se passou? Era uma retomada do projeto utópico dos anos trinta, desta vez, na escala da prática social? Ou, pelo contrário, houve um movimento para lutas políticas que não se conformavam mais ao modelo prescrito pela tradição marxista? Para uma experiência e uma tecnologia do desejo que não eram mais freudianas? Brandiram-se os velhos estandartes, mas o combate se deslocou e ganhou novas zonas.
O Anti-Édipo mostra, pra começar, a extensão do terreno ocupado. Porém, ele faz muito mais. Ele não se dissipa no denegrimento dos velhos ídolos, mesmo se divertindo muito com Freud. E, sobretudo, nos incita a ir mais longe.
Seria um erro ler o Anti-Édipo como a nova referência teórica (vocês sabem, essa famosa teoria que se nos costuma anunciar: essa que vai englobar tudo, essa que é absolutamente totalizante e tranquilizadora, essa, nos afirmam, “que tanto precisamos” nesta época de dispersão e de especialização, onde a “esperança” desapareceu). Não é preciso buscar uma “filosofia” nesta extraordinária profusão de novas noções e de conceitos-surpresa. O Anti-Édipo não é um Hegel pomposo. Penso que a melhor maneira de ler o Anti-Édipo é abordá-lo como uma “arte”, no sentido em que se fala de “arte erótica”, por exemplo. Apoiando-se sobre noções aparentemente abstratas de multiplicidades, de fluxo, de dispositivos e de acoplamentos, a análise da relação do desejo com a realidade e com a “máquina” capitalista contribui para responder a questões concretas. Questões que surgem menos do porque das coisas do que de seu como. Como introduzir o desejo no pensamento, no discurso, na ação? Como o desejo pode e deve desdobrar suas forças na esfera do político e se intensificar no processo de reversão da ordem estabelecida? Ars erotica, ars theoretica, ars politica.
Daí os três adversários aos quais o Anti-Édipo se encontra confrontado. Três adversários que não têm a mesma força, que representam graus diversos de ameaça, e que o livro combate por meios diferentes.
1) Os ascetas políticos, os militantes sombrios, os terroristas da teoria, esses que gostariam de preservar a ordem pura da política e do discurso político. Os burocratas da revolução e os funcionários da verdade.
2) Os lastimáveis técnicos do desejo - os psicanalistas e os semiólogos que registram cada signo e cada sintoma, e que gostariam de reduzir a organização múltipla do desejo à lei binária da estrutura e da falta.
3) Enfim, o inimigo maior, o adversário estratégico (embora a oposição do Anti-Édipo a seus outros inimigos constituam mais um engajamento político): o fascismo. E não somente o fascismo histórico de Hitler e de Mussolini - que tão bem souberam mobilizar e utilizar o desejo das massas -, mas o fascismo que está em nós todos, que martela nossos espíritos e nossas condutas cotidianas, o fascismo que nos faz amar o poder, desejar esta coisa que nos domina e nos explora.
Eu diria que o Anti-Édipo (que seus autores me perdoem) é um livro de ética, o primeiro livro de ética que se escreveu na França depois de muito tempo (é talvez a razão pela qual seu sucesso não é limitado a um “leitorado” [“lectorat”] particular: ser anti-Édipo tornou-se um estilo de vida, um modo de pensar e de vida). Como fazer para não se tornar fascista mesmo quando (sobretudo quando) se acredita ser um militante revolucionário? Como liberar nosso discurso e nossos atos, nossos corações e nossos prazeres do fascismo? Como expulsar o fascismo que está incrustado em nosso comportamento? Os moralistas cristãos buscavam os traços da carne que estariam alojados nas redobras da alma. Deleuze e Guattari, por sua parte, espreitam os traços mais ínfimos do fascismo nos corpos.
Prestando uma modesta homenagem a São Francisco de Sales, se poderia dizer que o Anti-Édipo é uma Introdução à vida não fascista.[1]
Essa arte de viver contrária a todas as formas de fascismo, que sejam elas já instaladas ou próximas de ser, é acompanhada de um certo número de princípios essenciais, que eu resumiria da seguinte maneira se eu devesse fazer desse grande livro um manual ou um guia da vida cotidiana:
- Libere a ação política de toda forma de paranóia unitária e totalizante;
- Faça crescer a ação, o pensamento e os desejos por proliferação, justaposição e disjunção, mais do que por subdivisão e hierarquização piramidal;
- Libere-se das velhas categorias do Negativo (a lei, o limite, a castração, a falta, a lacuna), que o pensamento ocidental, por um longo tempo, sacralizou como forma do poder e modo de acesso à realidade. Prefira o que é positivo e múltiplo; a diferença à uniformidade; o fluxo às unidades; os agenciamentos móveis aos sistemas. Considere que o que é produtivo, não é sedentário, mas nômade;
- Não imagine que seja preciso ser triste para ser militante, mesmo que a coisa que se combata seja abominável. É a ligação do desejo com a realidade (e não sua fuga, nas formas da representação) que possui uma força revolucionária;
- Não utilize o pensamento para dar a uma prática política um valor de verdade; nem a ação política, para desacreditar um pensamento, como se ele fosse apenas pura especulação. Utilize a prática política como um intensificador do pensamento, e a análise como um multiplicador das formas e dos domínios de intervenção da ação política;
- Não exija da ação política que ela restabeleça os “direitos” do indivíduo, tal como a filosofia os definiu. O indivíduo é o produto do poder. O que é preciso é “desindividualizar” pela multiplicação, o deslocamento e os diversos agenciamentos. O grupo não deve ser o laço orgânico que une os indivíduos hierarquizados, mas um constante gerador de “desindividualização”;
- Não caia de amores pelo poder.
Poder-se-ia dizer que Deleuze e Guattari amam tão pouco o poder que eles buscaram neutralizar os efeitos de poder ligados a seu próprio discurso. Por isso os jogos e as armadilhas que se encontram espalhados em todo o livro, que fazem de sua tradução uma verdadeira façanha. Mas não são as armadilhas familiares da retórica, essas que buscam seduzir o leitor, sem que ele esteja consciente da manipulação, e que finda por assumir a causa dos autores contra sua vontade. As armadilhas do Anti-Édipo são as do humor: tanto os convites a se deixar expulsar, a despedir-se do texto batendo a porta. O livro faz pensar que é apenas o humor e o jogo aí onde, contudo, alguma coisa de essencial se passa, alguma coisa que é da maior seriedade: a perseguição a todas as formas de fascismo, desde aquelas, colossais, que nos rodeiam e nos esmagam até aquelas formas pequenas que fazem a amena tirania de nossas vidas cotidianas.
[1] Francisco de Sales. Introduction à la vie devote (1064). Lyon: Pierre Rigaud, 1609.
Durante os anos 1945-1965 (falo da Europa), existia uma certa forma correta de pensar, um certo estilo de discurso político, uma certa ética do intelectual. Era preciso ser unha e carne com Marx, não deixar seus sonhos vagabundearem muito longe de Freud e tratar os sistemas de signos - e significantes - com o maior respeito. Tais eram as três condições que tornavam aceitável essa singular ocupação que era a de escrever e de enunciar uma parte da verdade sobre si mesmo e sobre sua época.
Depois, vieram cinco anos breves, apaixonados, cinco anos de júbilo e de enigma. Às portas de nosso mundo, o Vietnã, o primeiro golpe em direção aos poderes constituídos. Mas aqui, no interior de nossos muros, o que exatamente se passa? Um amálgama de política revolucionária e anti-repressiva? Uma guerra levada por dois frontes - a exploração social e a repressão psíquica? Uma escalada da libido modulada pelo conflito de classes? É possível. De todo modo, é por esta interpretação familiar e dualista que se pretendeu explicar os acontecimentos destes anos. O sonho que, entre a Primeira Guerra Mundial e o acontecimento do fascismo, teve sob seus encantos as frações mais utopistas da Europa - a Alemanha de Wilhem Reich e a França dos surrealistas - retornou para abraçar a realidade mesma: Marx e Freud esclarecidos pela mesma incandescência.
Mas é isso mesmo o que se passou? Era uma retomada do projeto utópico dos anos trinta, desta vez, na escala da prática social? Ou, pelo contrário, houve um movimento para lutas políticas que não se conformavam mais ao modelo prescrito pela tradição marxista? Para uma experiência e uma tecnologia do desejo que não eram mais freudianas? Brandiram-se os velhos estandartes, mas o combate se deslocou e ganhou novas zonas.
O Anti-Édipo mostra, pra começar, a extensão do terreno ocupado. Porém, ele faz muito mais. Ele não se dissipa no denegrimento dos velhos ídolos, mesmo se divertindo muito com Freud. E, sobretudo, nos incita a ir mais longe.
Seria um erro ler o Anti-Édipo como a nova referência teórica (vocês sabem, essa famosa teoria que se nos costuma anunciar: essa que vai englobar tudo, essa que é absolutamente totalizante e tranquilizadora, essa, nos afirmam, “que tanto precisamos” nesta época de dispersão e de especialização, onde a “esperança” desapareceu). Não é preciso buscar uma “filosofia” nesta extraordinária profusão de novas noções e de conceitos-surpresa. O Anti-Édipo não é um Hegel pomposo. Penso que a melhor maneira de ler o Anti-Édipo é abordá-lo como uma “arte”, no sentido em que se fala de “arte erótica”, por exemplo. Apoiando-se sobre noções aparentemente abstratas de multiplicidades, de fluxo, de dispositivos e de acoplamentos, a análise da relação do desejo com a realidade e com a “máquina” capitalista contribui para responder a questões concretas. Questões que surgem menos do porque das coisas do que de seu como. Como introduzir o desejo no pensamento, no discurso, na ação? Como o desejo pode e deve desdobrar suas forças na esfera do político e se intensificar no processo de reversão da ordem estabelecida? Ars erotica, ars theoretica, ars politica.
Daí os três adversários aos quais o Anti-Édipo se encontra confrontado. Três adversários que não têm a mesma força, que representam graus diversos de ameaça, e que o livro combate por meios diferentes.
1) Os ascetas políticos, os militantes sombrios, os terroristas da teoria, esses que gostariam de preservar a ordem pura da política e do discurso político. Os burocratas da revolução e os funcionários da verdade.
2) Os lastimáveis técnicos do desejo - os psicanalistas e os semiólogos que registram cada signo e cada sintoma, e que gostariam de reduzir a organização múltipla do desejo à lei binária da estrutura e da falta.
3) Enfim, o inimigo maior, o adversário estratégico (embora a oposição do Anti-Édipo a seus outros inimigos constituam mais um engajamento político): o fascismo. E não somente o fascismo histórico de Hitler e de Mussolini - que tão bem souberam mobilizar e utilizar o desejo das massas -, mas o fascismo que está em nós todos, que martela nossos espíritos e nossas condutas cotidianas, o fascismo que nos faz amar o poder, desejar esta coisa que nos domina e nos explora.
Eu diria que o Anti-Édipo (que seus autores me perdoem) é um livro de ética, o primeiro livro de ética que se escreveu na França depois de muito tempo (é talvez a razão pela qual seu sucesso não é limitado a um “leitorado” [“lectorat”] particular: ser anti-Édipo tornou-se um estilo de vida, um modo de pensar e de vida). Como fazer para não se tornar fascista mesmo quando (sobretudo quando) se acredita ser um militante revolucionário? Como liberar nosso discurso e nossos atos, nossos corações e nossos prazeres do fascismo? Como expulsar o fascismo que está incrustado em nosso comportamento? Os moralistas cristãos buscavam os traços da carne que estariam alojados nas redobras da alma. Deleuze e Guattari, por sua parte, espreitam os traços mais ínfimos do fascismo nos corpos.
Prestando uma modesta homenagem a São Francisco de Sales, se poderia dizer que o Anti-Édipo é uma Introdução à vida não fascista.[1]
Essa arte de viver contrária a todas as formas de fascismo, que sejam elas já instaladas ou próximas de ser, é acompanhada de um certo número de princípios essenciais, que eu resumiria da seguinte maneira se eu devesse fazer desse grande livro um manual ou um guia da vida cotidiana:
- Libere a ação política de toda forma de paranóia unitária e totalizante;
- Faça crescer a ação, o pensamento e os desejos por proliferação, justaposição e disjunção, mais do que por subdivisão e hierarquização piramidal;
- Libere-se das velhas categorias do Negativo (a lei, o limite, a castração, a falta, a lacuna), que o pensamento ocidental, por um longo tempo, sacralizou como forma do poder e modo de acesso à realidade. Prefira o que é positivo e múltiplo; a diferença à uniformidade; o fluxo às unidades; os agenciamentos móveis aos sistemas. Considere que o que é produtivo, não é sedentário, mas nômade;
- Não imagine que seja preciso ser triste para ser militante, mesmo que a coisa que se combata seja abominável. É a ligação do desejo com a realidade (e não sua fuga, nas formas da representação) que possui uma força revolucionária;
- Não utilize o pensamento para dar a uma prática política um valor de verdade; nem a ação política, para desacreditar um pensamento, como se ele fosse apenas pura especulação. Utilize a prática política como um intensificador do pensamento, e a análise como um multiplicador das formas e dos domínios de intervenção da ação política;
- Não exija da ação política que ela restabeleça os “direitos” do indivíduo, tal como a filosofia os definiu. O indivíduo é o produto do poder. O que é preciso é “desindividualizar” pela multiplicação, o deslocamento e os diversos agenciamentos. O grupo não deve ser o laço orgânico que une os indivíduos hierarquizados, mas um constante gerador de “desindividualização”;
- Não caia de amores pelo poder.
Poder-se-ia dizer que Deleuze e Guattari amam tão pouco o poder que eles buscaram neutralizar os efeitos de poder ligados a seu próprio discurso. Por isso os jogos e as armadilhas que se encontram espalhados em todo o livro, que fazem de sua tradução uma verdadeira façanha. Mas não são as armadilhas familiares da retórica, essas que buscam seduzir o leitor, sem que ele esteja consciente da manipulação, e que finda por assumir a causa dos autores contra sua vontade. As armadilhas do Anti-Édipo são as do humor: tanto os convites a se deixar expulsar, a despedir-se do texto batendo a porta. O livro faz pensar que é apenas o humor e o jogo aí onde, contudo, alguma coisa de essencial se passa, alguma coisa que é da maior seriedade: a perseguição a todas as formas de fascismo, desde aquelas, colossais, que nos rodeiam e nos esmagam até aquelas formas pequenas que fazem a amena tirania de nossas vidas cotidianas.
[1] Francisco de Sales. Introduction à la vie devote (1064). Lyon: Pierre Rigaud, 1609.
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Michel Foucault,
Textos
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Escola Autônoma de Feriado
A EAF é um encontro que ocorrerá durante o feriado de carnaval no qual serão realizadas diversas atividades propostas por pessoas e coletivos autônomos de Belo Horizonte.
Mas por que "AUTÔNOMA"?
Autônoma em relação ao discurso e às formas vigentes de organização da vida cotidiana demasiadamente hierárquicas e alienantes. Autonomia em relação a um feriado que já não sabe a que veio, uma manifestação popular, ou uma lucrativa cultura de massas.
A EAF é um encontro que visa criar experiências para os dias de feriado e além. Seja por um zine pego grátis na estante, por uma idéia apreendida em alguma palestra, por um stencil na camisa produzido na oficina, por um grupo de pessoas que decidem se encontrar novamente para outras conspirações (um coletivo político, um futebol na sexta, uma banda, uma revista...), ou por uma boa lembrança de um carnaval diferente.
domingo, 15 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Sarau na Praça - Cada um levando sua arte
Neste calor e no sábado à noite não dá mesmo para ficar em casa. Nada melhor então do que sair para mostrar e ver arte. Por isso convido a todos e quero que divulguem o sarau que vai acontecer este sábado na praça Lions Clube em frente à Casa de Cultura do Itaim Paulista.
Levem suas poesias, músicas, contos e tudo mais... Se você não conhece ninguém que vai não se acanhe só terá gente amigável. Convidem todos que puderem e quem não quiser sentar no chão levem seus jornais, hehe.
Onde? Praça Lions Clube (em frente a Casa de Cultura do Itaim Paulista.
Quando? Dia 17 de janeiro (sábado agora) às 17:30
Levem suas poesias, músicas, contos e tudo mais... Se você não conhece ninguém que vai não se acanhe só terá gente amigável. Convidem todos que puderem e quem não quiser sentar no chão levem seus jornais, hehe.
Onde? Praça Lions Clube (em frente a Casa de Cultura do Itaim Paulista.
Quando? Dia 17 de janeiro (sábado agora) às 17:30
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Andar a pé
Henry David Thoureau
1817-1862
DESEJO dizer uma palavra em nome da natureza, em nome da liberdade absoluta, em nome da amplidão, que contrastam com a liberdade e a cultura das cidades — no sentido de considerar o homem como um habitante da natureza, ou parte e parcela dela, e não como um elemento da sociedade. Desejo fazer uma exposição vasta e, se puder, a farei enfática, pois existem muitíssimos campeões da civilização. Não só o ministro e as congregações das escolas mas todos vós a tomareis em consideração.
Em todo o decurso da minha vida só encontrei uma ou duas pessoas que compreendiam a arte de andar, isto é, de dar passeios a pé — que tinham o gênio, por assim dizer, do «sauntering», palavra esplendidamente derivada de «pessoas vadias que erravam pelo país, na Idade Média, e pediam esmola sob o pretexto de irem à la Sainte Terre» à Terra Santa, até as crianças exclamarem «Lá vai um Sainte-Terrer», um «Saunterer», um da Terra Santa. Os que nunca vão à Terra Santa nas suas peregrinações, como pretendem, são, em verdade, meros vadios e vagabundos; mas os que lá vão ter são «saunterers», no bom sentido que tenho em vista. É certo que alguns derivariam a palavra de sans terre, sem terra ou pátria, o que, portanto, no bom sentido, significará — não tendo pátria determinada, mas igualmente tendo sua pátria em toda parte. Pois este é o segredo do vitorioso «sauntering». Os que se deixam permanecer em casa, quietos, sempre e sempre, podem ser os maiores errantes de todos; mas o «saunterer», no bom sentido, não é mais errante do que o rio sinuoso, cujo propósito contínuo é encontrar o caminho mais curto para o mar. Prefiro a primeira como sendo a derivação mais provável pois toda caminhada é uma espécie de cruzada que nos foí pregada por algum Pedro, o Eremita, para avançarmos reconquistarmos esta Terra Santa das mãos dos infiéis.
É exato que não passamos de cruzados acovardados, inclusive os andarilhos hodiernos, que não perseveram e nunca terminam suas empresas. Nossas expedições não passam de giros e regressamos à noitinha para o pé da velha lareira da qual nos apartáramos. Metade da jornada é para trilhar os caminhos já percorridos. Devíamos, andando menos, percorrer maior distância, e talvez, no espírito imortal da aventura, nunca mais regressarmos, preparados para devolver os nossos corações embalsamados, como relíquias aos nossos desolados domínios. Se estais pronto para deixar pai e mãe, irmão e irmã, esposa e filho, e amigos, e a nunca mais vê-los — se haveis saldado vossas dívidas, feito vosso testamento, deixado em ordem os negócios e se sois um homem livre, então estais pronto para uma caminhada.
Clique aqui para ler o texto inteiro
1817-1862
DESEJO dizer uma palavra em nome da natureza, em nome da liberdade absoluta, em nome da amplidão, que contrastam com a liberdade e a cultura das cidades — no sentido de considerar o homem como um habitante da natureza, ou parte e parcela dela, e não como um elemento da sociedade. Desejo fazer uma exposição vasta e, se puder, a farei enfática, pois existem muitíssimos campeões da civilização. Não só o ministro e as congregações das escolas mas todos vós a tomareis em consideração.
Em todo o decurso da minha vida só encontrei uma ou duas pessoas que compreendiam a arte de andar, isto é, de dar passeios a pé — que tinham o gênio, por assim dizer, do «sauntering», palavra esplendidamente derivada de «pessoas vadias que erravam pelo país, na Idade Média, e pediam esmola sob o pretexto de irem à la Sainte Terre» à Terra Santa, até as crianças exclamarem «Lá vai um Sainte-Terrer», um «Saunterer», um da Terra Santa. Os que nunca vão à Terra Santa nas suas peregrinações, como pretendem, são, em verdade, meros vadios e vagabundos; mas os que lá vão ter são «saunterers», no bom sentido que tenho em vista. É certo que alguns derivariam a palavra de sans terre, sem terra ou pátria, o que, portanto, no bom sentido, significará — não tendo pátria determinada, mas igualmente tendo sua pátria em toda parte. Pois este é o segredo do vitorioso «sauntering». Os que se deixam permanecer em casa, quietos, sempre e sempre, podem ser os maiores errantes de todos; mas o «saunterer», no bom sentido, não é mais errante do que o rio sinuoso, cujo propósito contínuo é encontrar o caminho mais curto para o mar. Prefiro a primeira como sendo a derivação mais provável pois toda caminhada é uma espécie de cruzada que nos foí pregada por algum Pedro, o Eremita, para avançarmos reconquistarmos esta Terra Santa das mãos dos infiéis.
É exato que não passamos de cruzados acovardados, inclusive os andarilhos hodiernos, que não perseveram e nunca terminam suas empresas. Nossas expedições não passam de giros e regressamos à noitinha para o pé da velha lareira da qual nos apartáramos. Metade da jornada é para trilhar os caminhos já percorridos. Devíamos, andando menos, percorrer maior distância, e talvez, no espírito imortal da aventura, nunca mais regressarmos, preparados para devolver os nossos corações embalsamados, como relíquias aos nossos desolados domínios. Se estais pronto para deixar pai e mãe, irmão e irmã, esposa e filho, e amigos, e a nunca mais vê-los — se haveis saldado vossas dívidas, feito vosso testamento, deixado em ordem os negócios e se sois um homem livre, então estais pronto para uma caminhada.
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